sexta-feira, 8 de junho de 2007

Peça Teatral "The Pillowman"




A peça tem origem numa das histórias de Katurian que retrata uma simpática personagem feita de almofadas que encorajava as crianças a suicidarem-se para não viverem vidas terríveis. O seu poder criativo é posto em causa num regime totalitário sob o qual vive.

"Um bocadinho diferente..."





A arte de contar uma história a uma criança não é apenas uma forma de as distrair. É dar-lhe algumas ferramentas para que a sua imaginação e o seu intelecto se possam desenvolver. É através dessas histórias que se criam valores e morais, aos quais a criança se vai agarrar durante a sua vida.

Posto isto, The Pillow Man é uma história sobre várias histórias. Todas ligadas de certa maneira e que seguem um "tema" central. Em todas elas há uma criança magoada, que sofreu mais do que devia. Não sendo uma peça fácil de assistir, The Pillow Man lança-se no vasto mundo das histórias, dos seus propósitos, das responsabilidades que lhes podem ser imputadas e a quem as escreve. Será um escritor responsável por aquilo que as suas obras vão desencadear nas pessoas? Terá que responder a alguém por escrever coisas que nunca deveriam ser postas em prática? Perguntas que surgem durante esta densa viagem, num dia da vida de Katurian K. Katurian.

A complexidade das questões que este teatro aborda deixam-nos a pensar durante bastante tempo. Acorda-nos para algumas realidades que não conseguimos deixar para trás. De certa forma The Pillow Man é uma lição, não de vida, mas, para a vida. Mais do que isso, acorda em nós horizontes que nos fazem perceber o mundo de uma nova forma. Afinal de contas, como sabemos se a América é grande? Apenas porque nos dizem, como sabemos sequer que a América existe? Apenas porque nos dizem que existe. Passemos então à acção, partamos à descoberta dessas coisas que conhecemos apenas das histórias.
O sadismo e a perversidade são também temas abordados em The Pillow Man, acabando nós próprios por nos sentirmos algo culpados quando nos rimos de algumas das situações negras que se passam em palco. É um mundo perverso este dos que se riem do mal, é um mundo perverso, este em que as histórias matam, seria um mundo perverso, este, se nos privassem de obras como esta. De uma tensão angustiante, esta peça polémica, não é sobre depravações humanas, não quer tomar posições políticas e, definitivamente, não é uma história de embalar. Mas, de uma forma estranha e retorcida, acaba por ser tudo isso.




Marco d'Almeida, Albano Jerónimo, Gonçalo Waddington, João Pedro Vaz.



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